segunda-feira, 28 de março de 2011

Análise Dragon Age 2 (Baixaki)

Eu não faço porque ainda não joguei(pc quebrado)

Se há alguém capaz de competir com a Square Enix quando o assunto é RPGs, é a BioWare. A empresa, que nesta geração garantiu lugar entre as principais desenvolvedoras mundiais, é responsável por grandes títulos como Mass Effect, Star Wars: Knights of the Old Republic e Neverwinter Nights, apenas para citar os maiores.
Dragon Age, porém, ocupa um lugar especial neste rol de jogos. O game é o sucessor espiritual de Baldur's Gate, título que atraiu a atenção do público e crítica e trouxe a BioWare aos olhos do público. Com Dragon Age II, a empresa está disposta a levar seu RPG medieval a audiências ainda melhores, sem perder o amor dos antigos fãs e dos tradicionalistas do gênero.

Sequência direta do primeiro game da série, esta continuação mostra a jornada de Hawke em uma nova cidade, e a saga de como ele se transformou de um refugiado em um campeão capaz de mudar para sempre o destino de todo o reino. A história é contada por meio das memórias de Varric, um dos parceiros do personagem principal durante a jornada.

Aprovado

Decida seu caminho
Um dos principais atrativos de Dragon Age II são as escolhas morais que ditam os rumos da trama. A todo momento, durante as cenas de corte, o jogador é convidado a escolher entre diversas respostas possíveis às indagações dos personagens. São estas decisões que modificam a história.
Algumas reações não têm grande influência, e consistem apenas em respostas engraçadinhas ou irritadas às perguntas de alguns NPCs. Em outros casos, porém, a aceitação ou não de uma missão depende de uma fala do personagem, bem como a dificuldade da tarefa que está à frente e a quantidade de detalhes passados pelo interlocutor. Tudo depende de um intrincado sistema de relações pessoais.
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Dragon Age II possui também um sistema de afinidade entre os membros do grupo, que varia de acordo com as atitudes tomadas pelo personagem principal. Aliados podem variar de melhores amigos a rivais do protagonista, com influência direta nos rumos da história.
Personagens que enxergam o protagonista como grande amigo, ou até amante, são capazes de dar a vida por ele, e farão de tudo para protegê-lo ou ajudá-lo durante os combates. Já membros da equipe que não aprovam as atitudes do jogador lutarão por si só e dificilmente prestarão auxílio a Hawke.
Img_normalNa maioria das vezes, até mesmo uma pequena resposta pode ter influência na visão que seus aliados têm de você. Decidir ajudar uma mãe a encontrar seu filho pode surtir um efeito positivo em personagens bondosos, mas reduzir a afinidade de um parceiro que quer terminar um serviço rapidamente. Cabe ao jogador saber dosar as decisões de forma a criar um grupo unido e coeso.
Neste aspecto, também merece citação a integração de Dragon Age II com os saves do primeiro título da série. Isso permite modificações ainda mais profundas na história e a aparição de personagens de Originis, tudo de acordo com as decisões tomadas no game original.
Abaixo a linearidade
Se a possibilidade de realizar decisões morais que influenciam a trama é um dos pilares de Dragon Age II, a grande variedade de missões disponíveis é o outro. O título garante horas e horas de jogo, além da trama principal, por meio de side quests que expandem de forma considerável o universo retratado.
De acordo com a BioWare, um jogador médio deve levar cerca de 80 horas para completar todas as missões disponíveis na sequência. O game, porém, não obriga que a série de missões sem relação alguma com a trama central do jogo sejam completadas. Se quiser, o jogador pode simplesmente ignorá-las, avançando de forma muito mais dinâmica em sua jornada para se tornar um campeão.
Todas as quests disponíveis podem ser acessadas por meio do menu do game. Ali, também é possível ver a lista de rumores, pequenos fragmentos de informação obtidos durante as cenas de corte. Com a continuidade da história, estes boatos ganharão consistência e se transformarão em novas missões para serem completadas. Como já comentamos no item anterior, as respostas do jogador às indagações dos NPCs também são parte importante no aparecimento de novos objetivos.
Cada um tem seu estilo
No início do game, Dragon Age II disponibiliza ao jogador três classes distintas de guerreiros. Esta decisão definirá o estilo de combate do protagonista até o final, bem como as habilidades que serão utilizadas ao longo da aventura.
A primeira delas é o Warrior (Guerreiro) que, como dá para imaginar, opta pela força bruta e pelos combates físicos. O jogador também pode optar por ser um Mage (Mago), que privilegia magias e poderes especiais, ou Rogue (Rebelde), exímio arqueiro e especialista em ataques rápidos e certeiros. Todos possuem árvores de habilidades que permitem personalizar ainda mais a proficiência do personagem em diversos aspectos.

Ao longo do game, personagens de todas as classes também serão encontrados, e se tornarão opções para constituição de um grupo para a aventura. Isso permite que o jogador utilize seu estilo característico de jogabilidade não apenas no personagem principal, mas em toda a equipe, montando estratégias de ataque e compensando as deficiências de um membro com o ponto forte de outro.
O game também oferece opções para automatização de combos, permitindo que os jogadores montem sequências pré-determinadas de ataques e magias a serem utilizadas durante os combates. Assim, é possível se preparar previamente para as batalhas que ainda estão por vir, e coordenar o grupo com a melhor estratégia possível para a vitória.
Todos contra todos
Esqueça as pequenas batalhas vistas em diversos RPGs tradicionais. Em Dragon Age II, é difícil encontrar uma luta que não envolva, pelo menos, quatro combatentes de cada lado. Normalmente, os inimigos atacam em grandes grupos, que combinam diversos estilos de combate de forma coordenada. Enquanto alguns ficam à distância, disparando flechas ou magias, outros partem para o ataque direto.
Img_normalNestes momentos, chega a ser complicado enxergar o que está acontecendo devido à enorme quantidade de explosões, sangue e ataques por todos os lados. Pensando nisso, a BioWare incluiu também um sistema que permite ao jogador montar estratégias de combate a qualquer momento. Basta acessar o menu do game para atribuir um oponente a cada membro de sua equipe, bem como selecionar o tipo de ataque utilizado.
A desenvolvedora também demonstra uma atenção especial aos detalhes. Durante e imediatamente após os conflitos, os personagens que se envolveram diretamente na carnificina aparecem com roupas e armas ensanguentadas. O efeito, porém, desaparece pouco após o fim das animações de batalha.

Reprovado

Em cima do muro
Um dos principais desejos da BioWare com Dragon Age II é atrair o jogador casual, que não está acostumado ou não gosta de RPGs. Para atingir isso, a empresa simplificou muitas das dinâmicas do primeiro game, e incluiu mais elementos de ação aos combates.
Ainda assim, o game não é acessível aos não iniciados no gênero, devido à grande quantidade de menus e diversas características, bem como poderes especiais para gerenciamento e um inventário com tipos variados de itens. O resultado disso é um jogador perdido, pelo menos durante a primeira hora de jogo.
Para os puristas, porém, as simplificações realizadas pela BioWare transformaram Dragon Age em um “RPG para leigos”, muito parecido com diversos títulos do gênero hack’n’slash disponíveis no mercado. A metodologia do sistema de combates de Origins foi substituída por um simples sistema de cliques, exigindo que o jogador apenas pressione um botão e observe a matança.
Diversidade demais
Um dos principais pontos positivos do game também pode ser visto por alguns como um tremendo problema. A enorme quantidade de side quests, na maioria das vezes, pode desviar o jogador de seu objetivo original. Isso se deve à pouca clareza na diferenciação entre missões que fazem parte da trama e objetivos extras, que servem apenas para adicionar mais experiência aos personagens.
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Para seguir no trilho central de Dragon Age II, o jogador deve contar com uma boa dose de memória. Além disso, é preciso saber dosar, de forma intuitiva, quais respostas darão início a uma nova side quest, já que em meio a discussões sobre o destino do reino, NPCs comentam sobre o desaparecimento de uma criança ou oportunidades de trabalho junto a grupos de contrabandistas. Nenhum dos dois assuntos, porém, tem relação direta com a história principal.
Siga do ponto A ao ponto B
Ao mesmo tempo em que Dragon Age II investe pesado na exploração de possibilidades e decisões morais, o game deixa muito a desejar quando o assunto são cenários. A BioWare criou mapas extremamente labirínticos e com pouquíssimos elementos a serem explorados. Os itens, normalmente, ficam bem à vista do jogador e não exigem nem mesmo um olhar atento para serem localizados.
As missões também são extremamente lineares e, normalmente, consistem em seguir de um ponto a outro do mapa, enfrentando alguns inimigos pelo caminho. Em alguns momentos, é preciso localizar um determinado caminho pelas florestas, ou encontrar um bar específico na cidade. Nestes casos, porém, não há indicação alguma de que o jogador está no caminho certo, o que transforma este processo em um teste de tentativa e erro.
Câmera míope
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De forma a privilegiar os bons gráficos e a ação sangrenta de Dragon Age II, a BioWare aproximou ao máximo a câmera do personagem. O preço disso, porém, é a impossibilidade de se enxergar ao longe. O resultado é um paradoxo, já que o game possui belas paisagens que, em diversos momentos, não podem ser observadas.
Não se surpreenda se, durante o jogo, seus companheiros de equipe observarem inimigos à distância e partirem para o ataque sem que o personagem principal nem mesmo saiba onde os oponentes estão. Nestes casos, resta ao jogador apenas seguir seus amigos até chegar ao campo de batalha.

Vale a pena?

Os fãs de Dragon Age: Origins podem se decepcionar com a sequência, caso esperem um aprimoramento das mecânicas vistas no primeiro game. O game é bem mais simples que seu antecessor e privilegia a ação. Por outro lado, o título faz isso sem perder dinâmicas elaboradas de controle de habilidades e ataques especiais dos personagens.
Não é justo, porém, afirmar que Dragon Age II não é um bom jogo. Mesmo com uma série de falhas, o game merece figurar no rol dos principais games do gênero nesta geração e, com certeza, é uma boa aquisição para os fãs do estilo. Caso você pretenda iniciar no mundo dos RPGs, porém, este título não é o mais indicado para você.

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